O licopeno, principal nutriente funcional presente no tomate, é uma substância antioxidante, ou seja, possui ação neutralizadora contra a ação oxidante produzida pelos radicais livres. É a substância que dá a cor avermelhada ao tomate, mamão, goiaba, melancia etc.
O que são radicais livres?
Nosso corpo é formado por células que são formadas por moléculas, que são formadas por átomos. Os radicais livres são átomos desequilibrados e instáveis, formados naturalmente em nosso organismo, através da perda de 1 elétron. Este processo é chamado de oxidação, e é produzido à partir do oxigênio que respiramos e não utilizamos para formar energia. Estas espécies reativas de oxigênio produzem estresse oxidativo causando dano oxidativo, “roubando” elétrons de átomos que uma vez instáveis roubam de outros, gerando uma reação em cadeia, em importantes biomoléculas como os lipídios, oxidando, nos ácidos graxos insaturados, proteínas, aminoácidos e DNA, o que provoca danos em sua estrutura que se acumulam nas células e aumentam o risco de enfermidades crônicas. As espécies reativas de oxigênio são produzidas endogenamente como produto do processo metabólico normal ou de fatores da vida diária como a dieta, fumaça de cigarro e o exercício.
O que são substâncias antioxidantes?
São aquelas que neutralizam a ação de radicais livres ou espécies reativas de oxigênio, sendo portanto, agentes eficazes na prevenção das doenças. As substâncias antioxidantes neutralizam os radicais livres, porque doam seus elétrons aos mesmos, sem tornarem-se radicais livres, bloqueando dessa forma a reação em cadeia, prevenindo o dano celular precoce.
As melhores fontes de licopeno são o tomate, a melancia e o mamão. A biodisponibilidade dos dois últimos é excelente, em torno de 60%, enquanto que o do tomate cru, cerca de 13%. Mas quando o mesmo é cozido, sua biodisponibilidade sobe para 70%, tornando a massa e o molho de tomates, excelentes fontes de antioxidantes saborosos e acessíveis a todos.
Há uma infinidade de artigos científicos recentes, demonstrando as evidências sobre os efeitos protetores do licopeno contra câncer de próstata, mamas e pulmões. Alguns estudos demonstram também a ação protetora do licopeno sobre o sistema cardiovascular, sobretudo na prevenção da oxidação do LDL colesterol, principal agente formador das placas ateromatosas.
Os carotenoides são compostos lipossolúveis responsáveis pela coloração das frutas e legumes. São descritos mais de 600 compostos carotenoides responsáveis pelas cores naturais amarela, laranja e vermelha das frutas e vegetais; 50 destes são consumidos na dieta humana. Aproximadamente 12 carotenoides consumidos pela dieta são encontrados em concentrações mensuráveis no sangue e nos tecidos humanos. Os carotenoides mais comuns são o licopeno, luteína, betacaroteno, alfa-caroteno, alfa-criptoxantina e zeaxantina1.
Segundo a resolução RDC nº 2/2002 (Anvisa, 2002), os carotenoides são considerados substâncias bioativas. Ainda não existem recomendações, mas sugere-se 5 a 6 mg/dia de carotenoides totais, o que equivale de 4 a 6 porções de frutas e vegetais por dia.
Na sua estrutura química, os carotenoides possuem muitas ligações duplas conjugadas, o que confere a eles um importante potencial antioxidante. O licopeno é o antioxidante mais potente entre os carotenoides no plasma.
O licopeno é um pigmento natural sintetizado por plantas e micro-organismos, mas não por animais; é um isômero acíclico do betacaroteno e, embora seja semelhante em estrutura ao mesmo, o licopeno não possui atividade pró-vitamina A.
O modo de ação do licopeno tem sido atribuído aos seus efeitos na saúde cardiovascular, além da ação benéfica em relação à sua proteção contra o câncer de próstata. O alto consumo de licopeno tem sido associado a uma diminuição do risco de doença cardiovascular, incluindo aterosclerose e infarto do miocárdio. Essas observações têm gerado interesse científico no licopeno como um potencial agente dietético preventivo para doença cardiovascular.
A etiologia da doença cardiovascular está relacionada com o estresse oxidativo, processo inflamatório, disfunção endotelial e subsequente remodelamento vascular. Muito se tem falado sobre o papel que o licopeno possui na diminuição do estresse oxidativo, em particular na prevenção da oxidação da LDL colesterol. Partículas oxidadas de LDL disparam uma série de eventos que conduzem a processos inflamatórios, formação de células espumosas, estrias gordurosas e placa, lesões ateroscleróticas e ruptura de placa8. Além disso, partículas de LDL oxidadas prejudicam a função endotelial pela inibição da liberação de óxido nítrico, um importante relaxante dos vasos sanguíneos e isso influencia a pressão arterial.
Como o licopeno é transportado principalmente nas lipoproteínas de baixa densidade, acredita-se que haja a proteção contra a oxidação do LDL. O licopeno pode ter efeito inibindo a síntese de colesterol, que pode melhorar a degradação do LDL. Alguns, mas não todos os estudos com intervenção dietética envolvendo alimentos contendo licopeno ou a suplementação de licopeno, têm mostrado potencial na melhora em curto prazo na oxidação do LDL.
Além de suas propriedades antioxidantes, o licopeno parece reduzir os níveis de colesterol através da supressão da síntese de colesterol, aumento da degradação da LDL e inibição da enzima hidroximetilglutaril coenzima A (HMGCoA) redutase.
Acredita-se que a alta ingestão de licopeno (e alimentos-fonte de licopeno) esteja associada a uma diminuição no risco de aterosclerose e doenças cardiovasculares, além dos seus efeitos antioxidantes e na diminuição da oxidação da LDL, por seu efeito na função imune, possivelmente por causa de sua habilidade de modular o ambiente celular redox, as interações célula a célula e/ou regular fatores de transcrição anti-inflamatórios, como o receptor ativado por proliferadores de peroxissomas ? (PPAR?). Além disso, pode provocar a inibição de citocinas inflamatórias e moléculas de adesão celular, através da inibição da ativação do NF-?B. Estudos mostram que o licopeno, enquanto ligante de PPAR ?, pode reduzir a liberação de citocinas inflamatórias dos macrófagos e tecido adiposo, resultando em efeito antiaterogênico.